Espermograma

 

 

 

Trata-se do exame mais importante para avaliação da fertilidade masculina. Ele avalia a qualidade do sêmen do paciente, que é coletado por ele mesmo através da masturbação em um frasco fornecido pelo laboratório, sem o uso de lubrificantes, que podem interferir na amostra.

O espermograma só pode ser realizado mediante solicitação médica em casos de possível infertilidade masculina, por condições físicas, genéticas ou imunológicas. Mesmo homens que já foram pais anteriormente precisam realizar o exame, já que essas condições podem ter se alterado desde a última concepção.

Para realização do exame, é necessário um período de abstinência de 2 a 5 dias, no qual não haja ejaculação por meio de relações sexuais ou masturbação, para garantir a qualidade da amostra.

Vários atributos do sêmen como um todo e dos espermatozoides nele contidos são avaliados no espermograma em um relatório descritivo, como veremos a seguir.


Primeira avaliação (macroscópica):
aspectos físicos do sêmen

Coloração

O sêmen saudável possui uma cor uniforme branca leitosa. Se ele apresentar tons amarronzados, por exemplo, é sintoma de hemospermia (presença de glóbulos vermelhos no sêmen).

Liquefação

Amostras de sêmen dentro da normalidade se liquefazem, isto é, viram líquido, em até uma hora. Se, ao final desse período, for detectada a formação de grânulos gelatinosos, formando uma mistura heterogênea, que não é o ideal.

pH

Parte do sêmen liquefeito é então colocada em uma fita medidora de pH. Em amostras normais, o valor fica entre 7.2 e 7.8. Amostras abaixo de 6.5 podem ser sinal de inexistência, malformação ou bloqueio das vesículas seminais.

Viscosidade

Em um experimento simples de gotejamento, com o sêmen já liquefeito, avalia-se se a aspiração da amostra através de uma pipeta forma gotas regulares. Se a viscosidade estiver fora do padrão, ao invés de gotas, um filamento de 2cm pode se informar, o que indica possível disfunção na próstata por inflamações crônicas.

Essa consistência alterada também pode prejudicar a avaliação de diversos outros aspectos do sêmen nas próximas etapas do espermograma, tais quais a concentração, a motilidade e a determinação de anticorpos antiespermatozoides.

Volume

Uma ejaculação normal possui mais de 1,5 ml e menos de 5 ml. Amostras acima do esperado podem ser sinal de infecção aguda na próstata ou nas vesículas seminais, glândulas responsáveis pela produção do sêmen. Amostras abaixo da normalidade podem ser ejaculação retrógrada,um processo inflamatório crônico ou alguma outra obstrução na região das vesículas seminais e da próstata.

 

Segunda avaliação (microscópica):
estado dos espermatozoides

Concentração

A concentração dos espermatozoides é medida, hoje em dia, com o auxílio de câmeras de contagem que determinam 4 categorias de concentração:

  • Normozoospermia (concentração normal de espermatozoides) – mais de 15 milhões de espermatozoides/ml;
  • Oligozoospermia (baixa concentração de espermatozoides) – menos de 15 milhões de espermatozoides/ml;
  • Criptozoospermia – ausência de espermatozoides na amostra inicial, mas estes são encontrados após processo de centrifugação;
  • Azoospermia – ausência total de espermatozoides, mesmo após centrifugação.
Motilidade

A motilidade nada mais é do que a capacidade de locomoção dos espermatozoides no meio, medida com o auxílio de câmeras especializadas. A capacidade do espermatozoide de progredir em direção ao óvulo é fundamental para a fecundação. De acordo com esse critério, existem 4 tipos de espermatozoides:

  • TIPO A – espermatozoides móveis com progressão acelerada;
  • TIPO B – espermatozoides móveis com progressão devagar;
  • TIPO C – espermatozoides móveis, mas sem progressão (não se movimentam para frente);
  • TIPO D – espermatozoides imóveis.

O sêmen entendido pelos médicos como normal é aquele que apresenta uma concentração de espermatozoides Tipo A e B em pelo menos 32% ou, alternativamente, A+B+C em 40%.

Morfologia

Nessa etapa é avaliada a forma dos espermatozoides, se o formato dessas células é o mais adequado para fecundação. Espermatozoides podem ter cabeças muito grandes, que o impeçam de chegar ao útero, cabeças pequenas demais, que tornam seu progresso desordenado, cauda dupla, e até duas cabeças, dentre outros possíveis problemas. A amostra considerada saudável é aquela que possui pelo menos 30% de espermatozoides com a morfologia adequada.

Vitalidade

Para amostras nas quais mais de 50% dos espermatozoides estão imóveis, é importante determinar quais deles estão vivos e quais são células mortas. A análise de vitalidade aponta justamente isso, com ajuda de corantes e microscópios (espermatozoides mortos absorvem o corante graças às suas membranas danificadas, os vivos não).



Exame citológico

Essa etapa analisa as outras células presentes na amostra de sêmen, como células espermatogênicas (células produtoras de espermatozoides), hemácias e até leucócitos (glóbulos brancos).

Sêmen com alta concentração de glóbulos brancos pode significar infecção por fungos ou protozoários na próstata ou nas vesículas seminais.

 

Teste hiposmótico

Por fim, a integridade da membrana celular dos espermatozoides é avaliada por meio do teste hiposmótico. Especialistas acreditam que gametas com membrana celular saudável são mais eficientes na fecundação do óvulo.